29 de ago. de 2009

Como será o trabalho no século XXI?

No Brasil, 70% dos postos de trabalho são do setor de serviços e no mundo atingem 90%.

Em seminário da Comissão UnB 50 anos de Brasília,o economista Marcio Pochmann afirmou que o mercado de trabalho será majoritariamente no setor de serviços - no Brasil, 70% dos postos de trabalho já estão no setor; no mundo, esse índice é de 90%.

O conhecimento será o principal ativo. E o mínimo que a sociedade da informação exige é a graduação. "A escola será para a vida toda, e vai ensinar para a vida, não para o trabalho", disse Pochmann, que hoje atua como professor da Unicamp e presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea). "Temos que abandonar a escola utilitarista". A jornada de trabalho será de quatro horas. E apenas três dias por semana. "Não há razão para se trabalhar mais do que 12 horas por semana", afirma o professor.

Ele explica que as condições para tanto já existem, por causa do excedente imaterial que o trabalho intelectual gera hoje. "As pessoas não trabalham oito horas por dia, elas trabalham 24 horas, porque estão plugadas o tempo todo, gerando conhecimento que está sendo absorvido pelas empresas."

UTOPIA

Marcio Pochmann reconhece que essas propostas talvez representem um sonho utópico, que nunca se realizará. Mas destaca que tudo isso são decisões políticas, que dependem da vontade da sociedade organizada para acontecer. E lembra que o Brasil, infelizmente, está no caminho contrário. "Estamos cada vez mais ignorantes. De cada dez jovens com 18 a 24 anos de idade, apenas um está estudando", diz Pochmann. Isso porque a maioria das famílias brasileiras não têm condições de financiar a educação dos filhos, e eles são obrigados a trabalhar desde cedo. Um jovem que trabalha oito horas, fica quatro na faculdade, e ainda gasta de duas a quatro horas por dia com deslocamento, tem uma jornada de 16 horas. "Isso é uma jornada de trabalho igual a dos operários do século XIX. Como é que alguém vai ter tempo de ainda abrir um livro? Estudar e trabalhar não combina", afirma o professor.

Fonte: Revista Sociologia